O ANTICRISTO

O apóstolo Paulo usa uma expressão para a igreja de Corinto, na Grécia, povo gentílico, que deu subsídios para que João, apóstolo de Jesus de Nazaré, o alcunhasse de anticristo. Vamos ler: “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis.” – 2 Coríntios 11.4.
Todo ódio joanino passou para os crentes que foram se formando na história e até hoje, todos eles confundem essa expressão anticristo como se fosse demoníaca, que representasse o diabo.
Convém ressaltar, entretanto, que o diabo foi destruído com a morte de Jesus de Nazaré na cruz do calvário, como está escrito pelo apóstolo Paulo em Hebreus 2.14 - Assim que, porquanto os filhos participaram de carne e sangue, Ele também participou do mesmo, para que, com sua morte, destruísse o que tinha o império da morte, a saber, o diabo.
Vejamos mais uma referência que Paulo escreveu e que João, com certeza, agregou-a para referir-se ao apóstolo dos gentios como anticristo: Romanos 7.4 - Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.
O apóstolo Paulo claramente insta a igreja que abandone o foco de sua fé em Jesus de Nazaré e passe a ser de outro, daquele que ressuscitou – o Ressuscitado. Esta seria a manifestação que a igreja gentílica deveria abraçar como Deus mesmo.
Para João seria um desastre, porque ele andou com Jesus de Nazaré, ele encostou sua cabeça no ombro de Jesus de Nazaré, ele estava com Maria diante da cruz na hora de sua morte. Como deixar a Jesus de Nazaré? “Esse Paulo” é contra Cristo, é anticristo, sem dúvidas pensou.
Mas não ficaria somente aí, a sua indignação, porque Paulo vai muito mais além e escreve em Hebreus 6.1,2 - Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos, e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno.
“Esse homem verdadeiramente é anticristo: como deixar batismos, arrependimentos, imposição de mãos, se é isso que nós fazemos?”, obviamente pensou João confabulando com Pedro, Tiago, Judas e os anciãos da igreja.
João pega de sua pena e começa a escrever sobre isso e espalha essa notícia para os crentes judeus e gentílicos. Observe o que ele escreve: 1 João 2.18 - Filhinhos, é já a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora.
Analisando o que escreveu João: “Como ouvistes que vem o anticristo” – de quem ouviram? É claro que ouviram dos apóstolos de Jesus de Nazaré, porque até Paulo ninguém havia escrito a esse respeito. Veja que essa carta de João é posterior às cartas de Paulo. O segundo aspecto do versículo: “agora (repare que já era lá nos primeiros anos depois da cruz) muitos se têm feito anticristos”. João está se referindo aos crentes da igreja de Paulo, que professavam o mesmo evangelho de Paulo, o povo gentílico. Era como dizer: “os alunos são o mesmo que o professor.”
Mas não fica por aí o ódio de João. Vejamos nessa mesma carta outras referências: 1 João 2.22 - Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho.
Paulo nunca negou que Jesus era o Cristo, tampouco o Pai e o Filho. Em Cristo estava toda a divindade, tanto o Pai como o Filho. Ele era o Pai em um corpo de carne, na manifestação Filho de Deus, sendo o próprio Deus. João cria na trindade, mas nem a bíblia fala nisto. O crente sem conhecimento acha que o Espírito Santo é uma pomba, quando a alegoria da pomba era para representar o Espírito de Deus descendo e se integrando à mente de Jesus de Nazaré no batismo de João. Paulo pregou o Cristo ressuscitado que era uma segunda manifestação de Cristo, mas não negou o que Jesus de Nazaré fez na cruz pelos escolhidos. Apenas Paulo sabia que Jesus de Nazaré veio com carne judia, praticando o judaísmo, servo da circuncisão, debaixo do pecado, com a lei de Moisés, tendo que cumpri-la integralmente e destruir o diabo com sua morte de cruz. Jesus de Nazaré não era cristão, como consideramos hoje, porque se algum crente praticar os rudimentos da doutrina que eram praticados antes da cruz, ele não é cristão, ele é crente judaizante, praticando a lei que foi abolida na cruz como está em Romanos 10.4 – Cristo é o fim da lei. Como escreveu Paulo aos Romanos 7.4 – não dará frutos para Deus.
Vejamos a continuação da primeira carta de João, sobre Paulo, ou “o anticristo”. Capítulo 4, verso 3: E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo.
Imagine tanto ódio. Paulo escreve que depois da cruz temos que deixar a Cristo em carne, mas não negou que ele não fosse Deus. Foi, mas antes da cruz, agora a manifestação divina mudara, não era mais Jesus de Nazaré era o Ressuscitado. E João escreve esta pérola: “eis que já está no mundo”. Ora, quem estava no mundo nessa época que pregava uma mensagem diferente à dos apóstolos da circuncisão? Paulo, é claro.
João, não contente, escreve uma segunda carta, vejamos: 2 João 1.7 - Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo.
Veja o que Paulo escreve sobre o que escreveram os apóstolos de Jesus de Nazaré: Gálatas 1.8 - Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
E quem anunciou o apocalipse a João?
Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo; - Cap.1, verso 1.