Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. 1 Timóteo 2:5

segunda-feira, setembro 24, 2007

Pastor da IURD teria iludido fiel para ficar com R$ 3 mil

Um pastor da igreja Universal Reino de Deus é investigado pela Polícia Civil de Araçatuba, a 530 km de São Paulo, pelo crime de estelionato. O pastor Marcos Paulo Borges Boeno teria induzido a cabeleireira Simone da Mata Vitório, 29 anos, a doar R$ 3 mil em troca de uma benção divina para superar as dificuldades enfrentadas pela família.
Simone entregou ao pastor R$ 2,8 mil da poupança do marido e mais R$ 200 que seriam usados para pagar o aluguel do mês. Segundo ela, além de não receber a benção, o pastor não cumpriu um acordo que previa a devolução do dinheiro caso seu marido, o padeiro Aparecido Vitório, 50 anos, discordasse da doação.

O pastor Boeno disse em depoimento à polícia que não devolveu o dinheiro porque este já havia entrado na contabilidade da igreja matriz, que fica em São Paulo, e que não poderia reavê-lo.

A doação foi feita no último domingo de julho. No dia seguinte, ao tomar conhecimento do fato, Aparecido Vitório disse que se revoltou porque ficara sem as economias e não tinha dinheiro nem para o aluguel, por isso, cobrou da mulher a devolução.

"Fiquei tranqüila porque achei que o pastor iria cumprir o acordo. Afinal, ele tinha me dado a palavra de 'homem de Deus', como disse", disse Simone. No entanto, depois de quase dois meses de tentativas, o pastor não fez a devolução. O casal, que possui três filhos menores, deixou a igreja, mas decidiu procurar a polícia.

O caso foi divulgado nesta sexta-feira pelo delegado do 1º Distrito Policial, Vilson Disposti, que abriu inquérito para investigar a ocorrência de crime de estelionato praticado pelo pastor. Segundo Disposti, o pastor teria usado de uma fraude e abusado da fragilidade da cabeleireira para forçá-la a cometer o erro e lhe entregar as economias da família.

"Ele criou uma situação para induzir a vítima em erro, usando um meio fraudulento que foi a falsa promessa de devolver o dinheiro caso houvesse contestação do marido", disse o delegado. Segundo ele, "o pastor também usou de sua ascendência como religioso para explorar a credibilidade religiosa da vítima, que passava por um momento fragilidade emocional, ao recorrer à igreja para tentar resolver seus problemas domésticos".

Com isso, segundo o delegado, o pastor "causou prejuízo para a vítima e obteve vantagem indevida", o que caracteriza o crime de estelionato.

Acordo
De acordo com Disposti, em depoimento prestado na última quarta-feira, Boeno teria admitido a existência do acordo com a cabeleireira.

Segundo Simone, as notas teriam sido guardadas num envelope, entregue na cerimônia chamada de Fogueira Santa de Israel, que é uma campanha de arrecadação de fundos dos fiéis.

Economia
Vitório disse que parte do dinheiro era o que sobrou da venda do carro da família, que teve de ser comercializado para pagar dívidas.

"Nossa intenção era economizar mais para conseguirmos comprar outro carro. Todo mês, eu e minha mulher sempre guardávamos um pouquinho, mas naquele domingo ela decidiu tirar e dar ao pastor", contou.

Vitório disse ter ficado revoltado com o fato e brigado com a mulher. Segundo ele, o problema não é a doação em si, mas um acordo que teria sido descumprido pela igreja. "Achei que foi muito dinheiro, poderia ter dado menos. Mas, se havia um acordo, ele tinha de ser cumprido", afirmou Vitório.
(Chico Siqueira)
Direto de Araçatuba

Redação Terra

Nenhum comentário: